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João Sebastião [baú iconográfico]

R$ 160,00

Em até 2x de R$ 80,00

Aline Figueiredo Espíndola

Nasceu em Corumbá, MS, 1946 e reside em Cuiabá/MT. Crítica de arte e animadora cultural. Tendo realizado a “Primeira Exposição de Pintura dos Artistas Mato-grossenses” (1966), em Campo Grande (MS), ali fundou e dirigiu a Associação Mato-Grossense de Artes (AMA, 1967/1972), e assina coluna de Artes Plásticas no Diário da Serra (1969). Em 1971, conclui o curso de Direito pela Federação Universitária Católica de Mato Grosso. Nesse mesmo ano torna-se membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Transfere-se para Cuiabá, ingressando, em fevereiro de 1973, no quadro técnico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e, junto a Humberto Espíndola (com quem é casada), elabora projeto para a criação do Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT (1974). Nesse Museu, além da Divisão de Artes Visuais, exerceu o gerenciamento até 1982, e, entre 1985 e 1996, exerceu a função de supervisora. Participa da Implantação da Fundação Cultural de Mato Grosso, em Cuiabá (1975), e ali atua até 1979, na assessoria de artes plásticas, quando cria o Ateliê Livre, o Salão Jovem Arte Mato-grossense e a Pinacoteca Estadual, todos em 1976. Autora dos livros Artes Plásticas no Centro-Oeste, (Edições UFMT/MACP/Cuiabá/1979), recebe por essa publicação o prêmio Gonzaga Duque, da Associação Brasileira de Críticos de Arte (Rio de Janeiro, 1980); Arte aqui é mato (Edições UFMT/MACP/Cuiabá, 1990); A Propósito do Boi (EDUFMT/Cuiabá, 1994), pelo qual recebe o Prêmio Alejandro José Cabassa, oferecido pela União Brasileira de Escritores (Rio, 1996); “Dalva Maria de Barros – Garimpos da Memória” (Entrelinhas Editora, Cuiabá, 2001), recebendo por essa publicação o Prêmio Sérgio Milliet, da Associação Brasileira de Críticos de Arte, São Paulo, 2002; Organiza juntamente com Humberto Espíndola o catálogo MACP. Animação cultural e inventário do acervo do Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT, Entrelinhas Editora (edição para a UFMT), 2010 (livro indicado ao Prêmio Jabuti, 2011). Participou de Comissões Organizadoras de diversas coletivas nacionais, a exemplo do Salão Nacional de Artes Plásticas (Rio de Janeiro, 1983/84). Organiza a mostra “Brasil Cuiabá: Pintura Cabocla”, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1981, considerada uma das melhores do ano no Brasil, por Frederico Morais, em Panorama das Artes Plásticas séculos XIX e XX, ed. Instituto Cultural Itaú, 1991. Integrou júris de diversos salões nacionais, realizados em quase todos os Estados brasileiros. Entre 1985/86 prestou assessoria “ad hoc” na área de artes plásticas, ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), em Brasília. Participa com Bernardo Élis do livro O Centro-Oeste, (Editora Colorama/Banco Francês e Brasileiro, Rio de Janeiro, 1985), e Mato Grosso – Território de Imagens – com o texto “Pintura e fotografia em diálogo – décadas de 60, 70 e 80”, organizado por Magna Domingos (Entrelinhas Editora, Cuiabá, 2008). Participa da Coleção Pensamento Crítico, da Funarte, volume 4, organizado pelo professor Dr. Laudenir Antonio Gonçalves, da UFMT, editado pela Funarte, Rio de Janeiro, 2010, Ministério da Cultura. Obteve o Prêmio Mario de Andrade, conferido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA, pela sua trajetória de Crítica e Animação Cultural, São Paulo, 2013. Em 2014 organiza a coletiva “Percurso” (Magia Propiciatória), realizada no Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso, por ocasião dos seus 40 anos de fundação, mostra essa que reuniu 87 obras de 35 artistas do Estado, obtendo o prêmio Maria Eugênia Franco, da ABCA, em São Paulo, 2015 (destinado a curadoria de exposição). Vem ministrando cursos de história da arte desde 1970, em escolas secundárias, universidades, museus, entre outras instituições culturais.

Descrição

A pintura de João Sebastião Francisco da Costa tem a chave de um baú iconográfico a transitar entre o popular e o erudito com uma plástica ao mesmo tempo bruta e sofisticada. Um forte sentimento antropológico recende da obra e reacende a sensibilidade da cultura popular e erudita de brasilidade.

João Sebastião pinta tudo junto. Na sua retina pagã o sagrado e o profano se confundem. No sincretismo religioso da sua pintura estão as festas de santos e seus reis festeiros; as bandeirolas de São João, o Batista; São Sebastião, amarrado e lancetado em troncos de árvores que atestam as ações das motosserras; São Francisco, o protetor dos animais, entre onças, tatus, cobras e lagartos. E sobra também para São Gonçalo, o santo violeiro e casamenteiro das velhas, inclusive faz referências à cerâmica da comunidade de São Gonçalo Beira Rio, berço da história mato-grossense onde a ata de fundação de Cuiabá fora assinada.

Cuiabá, o rio e a cidade, o morro de Santo Antônio situam e pintam as pintas de sua majestade a onça. Uma polpuda e pesada pata de onça com unhas afiadas é posta sobre uma mesa. Ao lado, um prato vazio onde na borda se lê: “prato do dia: Língua cuiabana”.

O artista defendeu, ao longo de sua obra, uma pintura consciente dos valores da negritude e das minorias. Mostra Jejé, o nosso colunista, carnavalesco, negro e homossexual; lembra de Maria Taquara, a lavadeira prostituta negra que desbancou Cuiabá lá nos anos de 1950. Na época da ditadura apresentou na Bienal Mitos e Magias de São Paulo, em 1978, um varal onde se estendiam cinco lençóis com mapas de cinco “brazis” vampirizados pelo poder.

Vale notar que a obra não perdeu sua atualidade temática e política, pois mais de 40 anos depois o nosso Brasil ainda está em maus lençóis. Também, quando as propagandas exibiam o slogan: “O Brasil é feito por nós”, ele mostrava em uma grande tela um travesti, com uma penteadeira e o retrato do namorado.

E como não considerar a percepção metafísica da sua pintura? João Sebastião tem essa percepção tanto em telas de grandes dimensões quanto nas pequenas. Sabe como nos situar ou nos inserir na sua introspecção visual. Por exemplo, numa tela de 16 x 27 cm, ele nos apresenta cinco planos de formidáveis introspecções. Em primeiríssimo plano uma onça, com feições quase humanas, parece conversar com o próprio rabo, olha para uma vasta plantação que se depara com a faixa horizontal de um rio. Do outro lado, um morro soberbo se sobressai na linha do horizonte. Em quinto plano um céu primoroso se instala. Eu pergunto: em que ela, a onça, estaria pensando? Atravesso o rio ou fico aqui? Será o paraíso? Ou será só o silêncio? É tudo simples, sem detalhação. No entanto, depois de nos mostrar essa paisagem, ele, o artista, nos inquire: essa harmonia existe mesmo? Não, certamente não, mas a solidão devastadora, esta sim, é tangível e inexorável.

 

SOBRE A AUTORA:

ALINE FIGUEIREDO ESPÍNDOLA – Nasceu em Corumbá, MS, 1946 e reside em Cuiabá/MT. Crítica de arte e animadora cultural. Tendo realizado a “Primeira Exposição de Pintura dos Artistas Mato-grossenses” (1966), em Campo Grande (MS), ali fundou e dirigiu a Associação Mato-Grossense de Artes (AMA, 1967/1972), e assina coluna de Artes Plásticas no Diário da Serra (1969). Em 1971, conclui o curso de Direito pela Federação Universitária Católica de Mato Grosso. Nesse mesmo ano torna-se membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Transfere-se para Cuiabá, ingressando, em fevereiro de 1973, no quadro técnico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e, junto a Humberto Espíndola (com quem é casada), elabora projeto para a criação do Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT (1974). Nesse Museu, além da Divisão de Artes Visuais, exerceu o gerenciamento até 1982, e, entre 1985 e 1996, exerceu a função de supervisora. Participa da Implantação da Fundação Cultural de Mato Grosso, em Cuiabá (1975), e ali atua até 1979, na assessoria de artes plásticas, quando cria o Ateliê Livre, o Salão Jovem Arte Mato-grossense e a Pinacoteca Estadual, todos em 1976. Autora dos livros Artes Plásticas no Centro-Oeste, (Edições UFMT/MACP/Cuiabá/1979), recebe por essa publicação o prêmio Gonzaga Duque, da Associação Brasileira de Críticos de Arte (Rio de Janeiro, 1980); Arte aqui é mato (Edições UFMT/MACP/Cuiabá, 1990); A Propósito do Boi (EDUFMT/Cuiabá, 1994), pelo qual recebe o Prêmio Alejandro José Cabassa, oferecido pela União Brasileira de Escritores (Rio, 1996); “Dalva Maria de Barros – Garimpos da Memória” (Entrelinhas Editora, Cuiabá, 2001), recebendo por essa publicação o Prêmio Sérgio Milliet, da Associação Brasileira de Críticos de Arte, São Paulo, 2002; Organiza juntamente com Humberto Espíndola o catálogo MACP. Animação cultural e inventário do acervo do Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT, Entrelinhas Editora (edição para a UFMT), 2010 (livro indicado ao Prêmio Jabuti, 2011). Participou de Comissões Organizadoras de diversas coletivas nacionais, a exemplo do Salão Nacional de Artes Plásticas (Rio de Janeiro, 1983/84). Organiza a mostra “Brasil Cuiabá: Pintura Cabocla”, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1981, considerada uma das melhores do ano no Brasil, por Frederico Morais, em Panorama das Artes Plásticas séculos XIX e XX, ed. Instituto Cultural Itaú, 1991. Integrou júris de diversos salões nacionais, realizados em quase todos os Estados brasileiros. Entre 1985/86 prestou assessoria “ad hoc” na área de artes plásticas, ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), em Brasília. Participa com Bernardo Élis do livro O Centro-Oeste, (Editora Colorama/Banco Francês e Brasileiro, Rio de Janeiro, 1985), e Mato Grosso – Território de Imagens – com o texto “Pintura e fotografia em diálogo – décadas de 60, 70 e 80”, organizado por Magna Domingos (Entrelinhas Editora, Cuiabá, 2008). Participa da Coleção Pensamento Crítico, da Funarte, volume 4, organizado pelo professor Dr. Laudenir Antonio Gonçalves, da UFMT, editado pela Funarte, Rio de Janeiro, 2010, Ministério da Cultura. Obteve o Prêmio Mario de Andrade, conferido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA, pela sua trajetória de Crítica e Animação Cultural, São Paulo, 2013. Em 2014 organiza a coletiva “Percurso” (Magia Propiciatória), realizada no Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso, por ocasião dos seus 40 anos de fundação, mostra essa que reuniu 87 obras de 35 artistas do Estado, obtendo o prêmio Maria Eugênia Franco, da ABCA, em São Paulo, 2015 (destinado a curadoria de exposição).

Vem ministrando cursos de história da arte desde 1970, em escolas secundárias, universidades, museus, entre outras instituições culturais.

Informação adicional

Páginas

144

Formato

21,5 x 28 cm

Papel

Couche

Acabamento

Capa dura

ISBN

978-65-86328-15-8

Editora

Entrelinhas

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