Descrição
O romantismo de Fábio vem temperado de reflexão, mas sem perder a realidade, como nos poemas A ilusão do aguardo, Permanência e Amável confluência.
Ser moderno não é desaprender dos sentimentos, e sim atualizá-los.
Se o romântico idealiza, Fábio sonha, deseja ou relembra, mas com aquele chão do real que após um Vinicius ou um Neruda se incorporou definitivamente no solo da poesia.
Todo poeta sabe o valor das palavras.
Um grande poeta conhece das palavras também o seu limite. O que as palavras sozinhas não conseguem dizer, ali vai o poeta e reinventa uma nova ordem, uma nova forma, um jeito de cortar os versos e nos revela então uma nova face do sensível.
Fogo bailarino nos instiga ao ligar a força natural, potente e, por vezes, destrutiva do fogo ao controle dessas forças pela cultura. Que bailem as palavras para dizer do fogo que também “arde sem se ver”. Que brilhem poemas como Desejo em que essa fusão se faz no calor dos versos.
Inserido já numa tradição da modernidade, Fábio Guimarães não esquece as origens dos sentimentos que formaram o tempo moderno. […]
Num livro em que o signo do fogo predomina, é interessante ressaltar essa sinestesia de elementos em que a água (inverso e complementar ao fogo, como o yin fundador do yang, ou a matriz feminina de todo masculino) surge como abrigo e alento e como o poeta lida com esses signos essenciais.
Aclyse de Mattos
SOBRE O AUTOR:
FÁBIO CÉSAR GUIMARÃES (1953) nasceu em Guiratinga, na região leste matogrossense e se declara ateu convicto. Foi apresentado a Neruda e às obras completas de Cecília Meireles por seu pai, o poeta-escritor-magistrado-mestre João Antônio Neto. A poesia o alimenta desde então. As pessoas o conhecem por sua atuação política na OAB, quando advogado, como professor de Direito Penal na Faculdade de Direito da UFMT – sua paixão –, e como defensor público de segunda instância… E não imaginam que entranhado em seu mais profundo “eu” mora um poeta anárquico, inquieto, irônico, revoltado, romântico e brincalhão – que adora pássaros, aprecia Kafka, García Márquez, Pessoa, Baudelaire, Allan Poe, Nietzche e os modernistas brasileiros da segunda e terceira gerações – Vinicius, Drummond, Oswald de Andrade, além de Leminski, Chacal… Nessas fontes sorveu palavras, poesia e reflexões existenciais. Começou a publicar alguns poemas esparsos no “Sacos & Gatos”, que circulava nos bares do Coxipó, na década de 1980, em Cuiabá, junto com os primos-poetas-artistas Eduardo Ferreira e André Balbino, e ícones como Silva Freire e João Antônio Neto, entre poetas que vivenciavam uma contracultura transgeracional. Desde então engavetou, durante décadas, toda a sua poesia, que agora vem a público e se revela como uma lufada de ar fresco.
Maria Teresa Carrión Carracedo
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