No próximo dia 6 de dezembro, o promotor público Márcio Florestan Berestinas, que atua em Sorriso, estará lançando o seu primeiro livro de poemas em parceria com Irineu Berestinas e com a artista visual Ruth Albernaz. O evento de lançamento será no Auditório da Procuradoria Geral de Justiça, as 17h30, durante o XXV Encontro Estadual do Ministério Público do Estado de Mato Grosso. O evento abordará os 36 anos da Constituição Federal e os Desafios Institucionais do Ministério Público.

A obra está dividida em três partes, eivado de singularidades. A primeira, Seção de haicais, é assinada por Irineu Berestinas. A segunda, “Seção de certezas duvidosas”, é assinada por Márcio Florestan Berestinas. E a terceira, “Raspando o tacho”, resulta de uma composição conjunta de ambos – pai e filho. “Ideias encontradas no varejo do mundo, no passeio existencial.” Sem trabalhar no atacado, os autores preferem lidar com as miudezas de almas em trânsito.

Márcio Berestinas explica que esse trabalho colaborativo descortinou caminhos para a superação das dificuldades que o fazer poético encerra, principalmente na elaboração de poemas breves. “O haicai, na origem, trouxe uma dificuldade inseparável, pois a fórmula dos três versos (o primeiro e o terceiro de cinco sílabas, e o segundo de sete sílabas, no modelo de sílabas que não o nosso), é intrinsicamente embaraçosa, nada fácil de resolver, já que essa receita ordena toda a construção, uma camisa de força irremovível.”

E explicam os autores, na apresentação:

“Transportada a ideia do poema breve para o Brasil, expressando uma síntese, nós demos um jeito de fazer à nossa maneira. Brasileiros que somos, não abandonamos esse hábito. O rigor já não existiu tal qual se conhecia. Exemplificamos. Vejam Millôr Fernandes. Ainda, e por nossas afinidades paranaenses, recorremos a dois cultores do haicai, de grande fama e sabedoria. Paulo Leminski, com seus deboches e sacadas, é leitura necessária para quem pretende conhecer o poema breve, eis que Leminski era, simplesmente, um artista desse mister, agravado da sabotagem que fazia ao verso açucarado. Por sua vez, a sua companheira Alice Ruiz Schneronk, do mesmo modo, esbanjava algo mais. São autores de merecimentos tantos, que não podem ficar fora da nossa lista.”

E os autores nos revelam: “Incluímos, também, ao passar aqui pelas paisagens dos confluentes e exuberantes biomas do pujante e vigoroso Estado de Mato Grosso, berço de grandezas do Pantanal, o talento de Ivens Cuiabano Scaff, de sequência admirável em sua obra Haluares, e sobrelevado pela presença de Ruth Albernaz, nas artes visuais (ilustrações), de tal feito literário. Ei-lo em uma “pequena” parte: companheira/ caminha com os viajantes/ lua estradeira.

Em meio a isso, cá estamos nós nessa árdua tarefa de fazer poesia na esteira do poema breve, na busca de uma síntese de momentos. De tudo isso, levamos adiante a compreensão de que os versos devem ter relação com a vida, seja em uma qualquer das suas formas.