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Amélia Alves lança o seu livro em Portugal

 

Autora mato-grossense lança em Portugal, pela Entrelinhas,
“Leis Abolicionistas”. O livro trata dos fundamentos do racismo no Brasil

 

 

Após o pré-lançamento do livro em Chapada dos Guimarães, a autora seguiu para Portugal, com agenda de lançamentos e seminários ainda este mês: 25 de março na cidade do Porto; 15 de abril na cidade de Guimarães e 24 de abril em Coimbra. Nesta mesma agenda Amélia Alves apresentará a exposição fotográfica: “Territórios e Memórias Quilombolas: Os Guardiães Históricos”, um projeto do Instituto de Estudos Socioculturais (IESC), que dirige, com fotografias de Fausto Roim.

Durante a exposição, a autora exibirá o vídeo “Avós do Brasil” do grupo artístico Elementares do Quilombo, da Comunidade Lagoinha de Baixo, de Chapada dos Guimarães. A obra teve concepção e direção de Oz Ferreira, criação e interpretação de Tatiana Reis, Gonçalina Reis, Fabiana Cruz, Micheli Cruz, Grazielly Costa e Oz Ferreira e pode ser apreciada no canal do Youtube: https://youtu.be/nnUt90kvlXI

A liderança da Comunidade retratada na exposição fotográfica seria a presença primordial para falar nas exposições tanto em Chapada dos Guimarães quanto em Portugal. Entretanto, por motivos particulares, não pode comparecer.

Tanto a publicação do livro como a exposição contou com apoio de emenda parlamentar do deputado Lúdio Cabral, aprovada pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel).

Sobre o livro “Leis Abolicionistas. Dos tratados pela abolição do tráfico de africanos à Lei Áurea. Fundamentos do racismo no Brasil”, a autora Amélia Alves nos assegura: “Nunca teremos dito tudo, sobre os quase quatrocentos anos de escravidão no Brasil. Salvo as pessoas ligadas aos movimentos negros e/ou estudiosos acadêmicos, o pouco que estudamos e debatemos em casa, nas rodas e redes socias, nas salas de aula, sobre o período escravista no Brasil e suas consequências tem mantido esquecidas, emudecidas, as vidas sacrificadas, brutalizadas até a morte, dos ancestrais do povo afro-brasileiro na inegável e imensurável contribuição à formação do Brasil. Econômica, social e culturalmente. Por que razão?”

E continua: “Não haveria histórias de famílias herdeiras, renomadas pelas fortunas construídas ao longo dos séculos XVIII e, notadamente, no século XIX no Brasil, sem os corpos negros, escravizados. Não haveria classe privilegiada, sem as centenas de milhares de homens, mulheres e crianças africanas das mais diversas etnias e culturas em África, trazidos pela força, pela violência e desumanização sistêmica, durante quase quatrocentos anos, simples assim.”

Entendendo a sala de aula como espaço privilegiado e transdisciplinar ao ensino da nossa história e à reflexão, ao questionamento, ao pensamento crítico sobre a estruturação do Estado brasileiro fomentando e fortalecendo mentalidades racistas, o livro Leis Abolicionistas: Dos tratados pela abolição do tráfico de africanos à Lei Áurea – Fundamentos do racismo no Brasil, última publicação de Amélia Alves – doutora em história, escritora e promotora cultural –, acaba de sair pela Entrelinhas Editora, de Cuiabá.

Analisando criticamente cada artigo desde os tratados pelo fim do tráfico (1810), os Decretos e Leis do Brasil colônia e Brasil império, sobre a emancipação gradual do escravizado, escravizada e suas mais diversas contradições, os discursos parlamentares e artigos de jornais e revistas da época, a autora deixa sempre uma pergunta, uma provocação, dialogando o tempo com o leitor, chamando para o debate, para a reflexão.

Sobre a lei de 1831, por exemplo, a partir da qual seria proibido a tráfico de africanos e africanas para escravização no Brasil, a autora considera como mais um escândalo humanitário que o Brasil jogou para debaixo do tapete da história da escravidão, e ainda temos poucos estudos a respeito. Uma vez desembarcados em portos secundários e clandestinos, seus importadores conseguiam interná-los nas fazendas especialmente de café e escravizá-los, sob os olhos da lei. Os que eram resgatados e colocados sob a proteção do império, tinham a promessa de que voltariam para casa, mas foram alugados por anos e anos, oferecidos como presentes, etc. Estas pessoas livres, foram exploradas, esquecidas até que não se falassem mais nelas e obrigatoriamente libertadas pela lei Áurea, em 1888.

A aceitação do incontornável da abolição – lembrando que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão no continente americano – foi condicionada a limitação da liberdade; exclusão do liberto, liberta, dos meios próprios de produção econômica; impedimento ao acesso à educação, saúde e moradia digna no objetivo explícito de os manter, de as manter na precariedade, sujeitando-os, sujeitando-as, à subalternidade. Porquê? Ou melhor, para quê?

O Brasil republicano, ao contrário do esperado pelos libertos e libertas, alem de os excluírem do processo, investiu no “branqueamento” da população, contando com os imigrantes europeus pobres, trazidos a partir do século XIX para substituir, gradativamente, a mão de obra escrava. Em 1911(!), com a eugenia – controle genético – incentivando a mistura de negros e brancos pobres, o Brasil supunha que a mestiçagem acabaria por apagar, o passado escravista brasileiro.

Sobre o conceito “branquitude”  e os privilégios que lhes são inerentes, da meritocracia quando se trata dos sucessos obtidos nos estudos, nas melhores oportunidades de trabalho, etc, é preciso que se fale cada vez mais, que se avalie, se discuta em casa, nas rodas e redes sociais, nas salas de aula, para que entendamos sua origem e objetivos, nos questionemos sobre porque a vida oferece um pouco mais de oportunidades para pardas ou pardos e muito menos, para pessoas negras? E, porque as melhores oportunidades, em todos os aspectos, são para pessoas brancas? E mais: por que a educação, a moradia, a saúde sempre teve, entre os afro-brasileiros, o maior índice de precariedade? Por que morrem mais jovens negros violentamente ou porque são eles os que mais ocupam os presídios? Por que a mulher negra está na base da pirâmide social? O livro procura, através das análises de extensa documentação indicar respostas, mas convida o leitor a encontrá-las, juntos.

 

Sobre a autora:

Amélia Alves (M. Amélia Assis Alves Crivelente) é graduada e mestre em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), doutora em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal. Pesquisadora da Diáspora Africana, escravidão e identidades africanas em Mato Grosso. Publicou as obras: Uma Devassa nas Minas; Domingos, Angola e Joaquina, Mina e Memórias Kilombolas (Carlini & Caniato). Tem artigos publicados no Brasil, Portugal e Espanha. Tem dois livros de literatura publicados: Pedro Canoeiro (Patuá), no Brasil e edição portuguesa (Chiado); Rumor de Lobos: Prosas Poéticas, é sua mais recente publicação (Umanos). Idealizadora e coordenadora da implantação do projeto Siminina, em Cuiabá, Mato Grosso. Idealizadora e organizadora da 1a e 2a Feira do Livro de Campo Verde e da Feira do Livro de Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. Presidenta do IESC-Instituto de Estudos Socioculturais de Chapada dos Guimarães.

 

Serviço:

Lançamento de livro:

Leis Abolicionistas: Dos tratados pela abolição do tráfico de africanos à Lei Áurea – Fundamentos do racismo no Brasil

16 x 23 cm, 280 páginas

Entrelinhas Editora

 

    Fonte: Assessoria

 

 

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